segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Guia Para Não Pagar Mico Citando o Pragmatismo Político


Guaxinim na área!

Vi no site do pragmatismo político um "guia para não pagar mico quando falar do preço da gasolina". O link segue aqui.

Meu amigo Mico não tem nada com o Pragmatismo Político!


Pelo título pretensioso (e ofensivo aos honrados micos), resolvi ler, apesar de evitar esse site que considero um antro de truões (na minha avaliação, eu deixo o link e meus argumentos para você tirar suas conclusões).

Eu defino desonestidade intelectual como falar algo que você sabe que está errado para levar o interlocutor a tirar uma conclusão ou evitar falar algo que você sabe porque isso não irá colaborar com um interesse que você deseja manter oculto para o interlocutor.

Então resolvi fazer um guia para refutar o site pragmatismo político em 7 pontos (sempre lembrando que uso a palavra "guia" de forma irônica, não pretendo ser guia de ninguém, leia e decida por você mesmo):

  1. O ICMS não subiu, portanto se a taxa (embora alta) se manteve inalterada, não há como se creditar a alta no preço da gasolina no ICMS. O site tira um número da cartola, mas não cita o estado onde o ICMS tem aquela alíquota, sob o pretexto de informar para "evitar gafes" o site omite... informação.
  2. A alíquota de responsabilidade federal é menor, mas precisamente por ter sido a que subiu, é a responsável pela alta nos preços. Também é de responsabilidade federal a política de preços da Petrobrás. É responsabilidade federal a organização do setor como um todo. Reduzir o problema aos impostos federais (sempre omitindo a fonte) é mais uma canalhice. O truque é: se o imposto federal é baixo, é pequena a parcela de responsabilidade federal no problema (reclame com seu governador). Truque.
  3. Está longe de ser a mais cara do mundo. Mas como de costume o pragmatismo político omite informação. O próprio site fonte informa "utilizamos dados mais antigos que estamos a actualizar conforme a taxa de câmbio corrente". Os preços estão em dólar. Como o real desvalorizou, hoje um dólar vale 2,7873 reais, ou seja, você precisa de menos dólares para comprar gasolina. E parte da desvalorização do câmbio é fruto de políticas desastradas do governo federal, que ele tenta isentar no item 2). Vale lembrar que ninguém junta dólares para ir comprar gasolina no posto.
  4. O preço do Barril de petróleo em 2002 era muito próximo do atual, em torno de 50 dólares. Acontece que o câmbio médio de 2002 inteiro foi de 2,56, mesmo considerando que os últimos 6 meses sofreram o "efeito eleição Lula" quase batendo 3 reais. Além do efeito câmbio, é besteira comparar sem que se leve em consideração que a capacidade de produção de derivados e que o descasamento entre oferta e demanda em 2002 e em 2015 eram totalmente diferentes. O pragmatismo político simplifica para desinformar (sempre omitindo a fonte e escondendo o racional por trás das afirmações).
  5. Se o custo do petróleo é só 20%, cabe lembrar também que a Petrobrás importou gasolina e não petróleo. Além de não se beneficiar do preço mais baixo comprou gasolina caro e vendeu a preço inferior aqui. Se tivesse capacidade de refino, poderia ter importado a matéria prima mais barata e fabricado a preços mais baratos. Isso  só já derrubaria o argumento de "não depender do mercado internacional". Basta ouvir um call de investidores da Petrobrás e eles afirmarão que o resultado (logo, os preços e custos) dependem SIM do preço do petróleo. É ilógico e desonesto intelectualmente afirmar o contrário, porque é só acompanhar os resultados financeiros da Petrobrás para saber disso.
  6. Convenientemente o site compara os períodos de governo de dois partidos. O ponto é o seguinte: comparar por comparar sem apresentar contexto não significa nada. Então as condições objetivas que levaram ao aumento atual estão automaticamente absolvidas só porque no período escolhido pelo avaliador o aumento atual foi menor do que o anterior em outra conjuntura? Nem o câmbio era totalmente flutuante em parte desse período, nem a capacidade de refino local, nem a oferta, nem a mistura de etanol e os preços, nem a demanda local, nem a infraestrutura. É uma maneira de distrair o leitor.
  7. Vamos partir do pressuposto que de fato é possível comprar mais gasolina com o salário mínimo hoje. A pergunta que deve ser feita é: se eu comprasse 50 litros de gasolina com o mínimo do passado, o que eu poderia comprar com o resto do meu dinheiro? O poder de compra do mínimo em relação a 1 produto não diz nada sozinho. Ainda, o passado não absolve o presente. Trazer a política de aumento no salário mínimo é diversionismo puro e simples, com o intuito de levar o leitor a uma conclusão sem que se avalie a conjuntura. O dado incontornável é que o recente aumento do preço da gasolina é fruto de má gestão da economia como um todo. E isso se refletirá em maior inflação que, vejam, irá reduzir o poder de compra do... salário mínimo.
É isso. O problema é que o pragmatismo político precisa de poucas palavras para falar besteira. O Guaxinim tem que usar muitas palavras para corrigir. E para leitores ávidos para justificar suas cosmovisões (o leitor típico do pragmatismo político), quanto menos leitura melhor.

Vou evitar posts de "combate". Não é desejo do Guaxinim ser enxota-moscas. Mas esse "guia" do pragmatismo foi de doer.

Abraço!

Links úteis:
http://www.bloomberg.com/news/articles/2012-11-21/petrobras-losing-8-billion-on-cheap-gasoline

http://www.ebc.com.br/noticias/economia/2015/01/petrobras-decidira-preco-da-gasolina-como-empresa-diz-levy

https://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/revisao-de-cenario-brasil/combustivel-para-a-inflacao

http://www.valor.com.br/brasil/3391436/cambio-e-combustiveis-podem-puxar-para-cima-inflacao-de-2014-diz-fgv


http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,leilao-da-anp-comeca-com-indefinicoes-sobre-setor-e-crise,295814

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130424_etanol_mdb


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